O governo de Joe Biden acaba de propor um crédito tributário para a compra da primeira casa, voltado para o público conhecido como “first-time homebuyers”. O crédito proposto seria de US$ 15 mil e poderia ultrapassar o valor necessário para dar de entrada (downpayment) em muitos imóveis no mercado. O desembolso do valor da entrada é o principal obstáculo para muitos moradores que vivem de aluguel. Espera-se que, com o crédito, milhões de americanos, em todos as regiões dos EUA, deixem o aluguel e comprem a casa própria. Na Flórida, a medida poderia trazer ainda mais stress para um mercado com baixíssimo inventário.

Proposta de crédito tributário de Biden para first-time homebuyers colocaria mais pressão na demanda

Não é a primeira vez que o governo federal cria medidas de estímulo a economia com incentivos tributários para compra da primeira casa. Em 2008 o governo de George W. Busch criou o Economic Recovery Act, que concedia $7.500,00 de crédito tributário. A ideia era estimular a economia durante a Grande Depressão do Subprime. O crédito foi aumentado para US$ 8.000 na administração Obama. Em 2010 o programa foi extinto.

Até o momento o governo Biden divulgou poucos detalhes sobre a nova medida de estímulo. O que se sabe é que ela traz um diferencial em relação ao Economic Recovery Act de George W. Busch. Desta vez o dinheiro estaria disponível para o comprador no momento do closing (fechamento e transferência da escritura). Nos créditos dos governos anteriores, o valor deveria ser desembolsado pelo próprio comprador que, num segundo momento, poderia fazer a dedução na declaração imposto.

Pressão na demanda

O mercado de imóveis residenciais nos EUA inteiro está sob forte pressão. Com a pandemia, há uma grande procura por casas residenciais, ao invés de apartamentos em condomínios de prédios. Ao mesmo tempo, quem já possui uma casa não quer vender. No Estado da Flórida a situação é ainda mais atípica.

Em recente relatório divulgado pela Orlando Regional Realtor Association, existem apenas 2.063 casas à venda na área de Orlando (região central da Flórida). O número é praticamente imaterial frente aos mais de 1000 novos residentes que invadem a Flórida diariamente, vindos de outros estados.

Com a nova medida, haveria um incremento na demanda de casas, que já está em um dos maiores níveis históricos. O crédito fiscal de US$ 15 mil, defendido por Joe Biden, seria mais do que suficiente para cobrir a entrada de uma casa residencial popular em Orlando, que é de US$ 9.520 em média.

Um aumento de uma demanda já alta sem a contrapartida da oferta, resultaria em uma pressão ainda maior nos preços, o que, a médio e longo prazo, poderia prejudicar este público de first-time homebuyers, público que a nova medida pretende ajudar.

Em um entrevista ao site Housing Wire, Lawrence Yun, economista chefe da National Association of Realtors, disse que um adição de US$ 15 mil não ajudará em um mercado onde a oferta de casas residenciais já está baixa. “Apenas um incremento do lado da oferta faria com que o crédito fiscal seja eficaz para o comprador para impulsionar a propriedade privada e estimular a classe média ”, disse Yun. “Sem oferta, os preços das casas aumentam muito, sem nenhum ganho significativo para a aquisição de uma nova casa.”